Não faço promessas de ano novo. Não pulo ondinhas. Não gosto de sidra Cereser. Não acredito em cores de camisa, cuecas, bermudas e saias. Felizmente encho a cara e rapidamente posso me integrar aos festejos de mais um ano cumprido, mesmo que tenha sido um ano bem merda, o que não é o caso deste atual.
sexta-feira, dezembro 29, 2006
Não faço promessas de ano novo. Não pulo ondinhas. Não gosto de sidra Cereser. Não acredito em cores de camisa, cuecas, bermudas e saias. Felizmente encho a cara e rapidamente posso me integrar aos festejos de mais um ano cumprido, mesmo que tenha sido um ano bem merda, o que não é o caso deste atual.
quinta-feira, dezembro 21, 2006
- O que você estava fazendo na rua a essa hora da madrugada, minha filha?
- Salvando o mundo, papai, salvando o mundo!
quarta-feira, dezembro 20, 2006
Não importa o quanto as coisas possam estar ruins, elas sempre podem piorar.
Grande Murphy. Um sábio.
terça-feira, dezembro 19, 2006
Comprei meu ingresso para o show do Chico hoje. Ele não vai. Lembro de dizer a ele que não poderia estar neste país sem ver um show do Chico Buarque, uma das maiores riquezas daqui. Ia comprar para ele. Dar a ele. Levá-lo. Ele não vai. Na verdade nenhum dos dois vai.
Estou em contato com a minha língua. Preciso escrevê-la e ouvi-la, sem deixar de ouvir o resto, claro. Essa música. “Descobri” essa música. Lembrei de novo. Associei de novo. Associo tudo agora. Todos os poros estão abertos e os neurônios atentos.
Olha Maria
Eu bem te queria
Fazer uma presa
Da minha poesia
Mas hoje, Maria
Pra minha surpresa
Pra minha tristeza
Precisas partir
Parte, Maria
Que estás tão bonita
Que estás tão aflita
Pra me abandonar
Sinto, Maria
Que estás de visita
Teu corpo se agita
Querendo dançar
Parte, Maria
Que estás toda nua
Que a lua te chama
Que estás tão mulher
Arde, Maria
Na chama da lua
Maria cigana
Maria maré
Parte cantando
Maria fugindo
Contra a ventania
Brincando, dormindo
Num colo de serra
Num campo vazio
Num leito de rio
Nos braços do mar
Vai, alegria
Que a vida, Maria
Não passa de um dia
Não vou te prender
Corre, Maria
Que a vida não espera
É uma primavera
Não podes perder
Anda, Maria
Pois eu só teria
A minha agonia
Pra te oferecer
Ridiculamente, as ferramentas cibernéticas agora influenciam pesado minhas relações. O corte cibernético me deixa para baixo. A internet se tornara o instrumento para facilitar as impossibilidades do mundo real. Exatamente o clichê da era. Não deixei de viver o real, mas a rede servia para amenizar saudades, divisões, medos e culpas. As palavras na tela do computador me trazem conforto durante os dias em que nada mais pode acontecer. On line. No more.
Agora, é usar as armas que existem. Agora é mais difícil. É se acostumar com o que não acontece há meses. É não esperar mais. É realmente se distanciar, sabendo um pouco do que acontece do outro lado, mas não o suficiente para diminuir as saudades e dúvidas. . claro que vai passar. E é claro que agora parece que não vai passar, porque é emergencial.
Acabei de sonhar com o que queria fazer. Acordo ainda com aquele gosto de suposta realidade, que torna o dia concreto, o dia a ser vivido, um pouco insuportável. Mas não tenho escolha. Não depende mais só de mim, como quando da morte do outro. O outro não morreu novamente. Está a algumas quadras de mim, palpável e impossível.
segunda-feira, dezembro 18, 2006
De volta. De novo. Mais um blog. Acho que pelas mesmas razões. O blog de razões diferentes é o Freigeist, para resmungar sobre assuntos de trabalho. Anda meio paradão também.
Uma das funções de um blog é servir para ouvidos para sempre surdos. Vou postar aqui o que eu não posso postar para uma pessoa que não curte muito poesia, mas para quem os versos cairiam como uma luva, como caem para mim.
Passagem das Horas
Não sei sentir, não sei ser humano, não sei conviver de dentro da alma triste, com os homens, meus irmãos na terra. Não sei ser útil, mesmo sentindo ser prático, cotidiano, nítido. Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo. Mas tudo ou sobrou ou foi pouco, não sei qual, e eu sofri. Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos. E fiquei triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse. Amei e odiei como toda gente. Mas para toda gente isso foi normal e institivo. Para mim sempre foi a exceção, o choque, a válvula, o espasmo. Não sei se a vida é pouca ou demais para mim. Não sei se sinto demais ou de menos. Seja como for a vida, de tão interessante que é em todos os momentos, a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger, a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão, de sair para fora de todas as casas, de todas as lógicas, de todas as sacadas e ir ser selvagens entre árvores e esquecimentos. (Álvaro de Campos)
Citado por Maria Bethânia no "Imitação da Vida", show de 1997 que marcou a minha e que tem pautado os últimos dias.
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Matéria lúdica e educativa retirada daqui, minha gente.
Primeiro ameaçados de extinção por conta da caça predatória e, mais recentemente, pela dificuldade de acasalamento em cativeiro, os pandas gigantes da China vivem este ano um inédito baby boom graças a uma combinação de dietas, pesquisa de biologia animal e um recurso insólito: os vídeos pornôs com pandas acasalando, que conseguem estimular os ursos chineses a acasalarem através de mecanismos de repetição de comportamento.
Em entrevista à agência de notícias "Associated press", Zhang Zhihe, diretora do Centro de Pequisas de Reprodução de Pandas Gigantes de Chengdu, capital da província de Sichuan, onde fica a reserva de Wolong, afirmou que, nos primeiros 10 meses deste ano, 31 pequenos pandas nasceram em cativeiro na China, dos quais 28 sobreviveram. Ano passado, foram 12 nascimentos. E em 2000, apenas nove. Zhang está na Tailânda, onde foi ensinar aos pesquisadores locais como usar o vídeo pornô para estimular sexualmente os pandas Chuang Chuang e Li Hui, do zoológico de Chiuang Mai, no Norte da Tailândia, dados de presente pela China aos tailandeses.
"Vamos usar o vídeo para fazê-los procriar em janeiro", afirmou o pesquisador tailandês Prasertsak Buntragulpoontawee à AP. "É a mesma lógica que faz alguns chimpanzés fumarem ao verem pessoas fumando ao seu redor".
Zhang Zhihe explica que, no início, os pesquisadores achavam que apenas colocando o casal de pandas juntos fosse suficiente para estimular o desejo animal. Mas os animais em cativeiro demonstravam o que os cientistas chama de "falta de socialização apropriada": "Sem companhias ao redor, quando o macho e a fêmea se encontravam para reproduzir, eles simplesmente se assustavam e acabavam brigando", explicou Zhang.
"No meio selvagem, os machos brigam pelas fêmeas, mas em cativeiro, é como se colocássemos um casal de humanos que não se conhecem juntos e os obrigássemos a fazer sexo".
Uma das saídas foi a criação de um vídeo pornô com cenas — e sons — dos pandas fazendo sexo, que se mostrou efeiciente para acender o desejo dos pandas em cativeiro: "São os sons e imagens do acasalamento que acabam estimulando os ursos", disse Zhang. "Pandas são como seres humanos. Eles entendem tudo".
sábado, novembro 25, 2006
Mulheres, antes de qualquer coisa, esperam respostas. Decisivas, imponentes, curtas. Janaína queria de mim naquela sala de estar, uma quinta-feira chuvosa, nove e meia da noite, uma resposta.
Resposta essa eu que jamais saberia dar.
Já havia sido feita a noite e por inércia nos fizemos cometas, ela querendo arrancar de mim as palavras que precisava, eu querendo dela a carne, a pele, os pêlos. Mentirosos suspiros e cínicos arranhões. Eu não tinha palavras e ela não tinha desejo.
Os beijos mordiam e ela jurava mortes que estavam longe de acontecer naquela sala. Ela me olhava e se apertava para que eu entrasse mais, machucasse mais, gozasse mais. Talvez procurasse em mim o tesão que não havia, eu me segurava o máximo que podia para que ela ganhasse de mim naquela corrida rumo ao nada. Nós dois chegáramos a um lugar onde ambos não queríamos estar e aquele lugar era aquela sala, quinta-feira, nove e meia da noite.
Senti o sexo de Janaína se enroscar no meu e sua voz esganiçar e seus dentes em meu peitoral. Feito lágrima, deixei o sêmem escorrer para dentro dela e gani, moribundo.
A resposta nunca veio.
quinta-feira, novembro 23, 2006
quarta-feira, novembro 22, 2006
segunda-feira, outubro 23, 2006
sexta-feira, setembro 22, 2006
domingo, agosto 06, 2006
Quando sua namorada diz que te ama e te dá de presente uma camisa do Brasiliense, é melhor você acreditar nela e usar a camisa, bróder. Não discuta, é amor e amor não foi feito pra discutir. Aqui estou eu, sem sono, sem teto, na casa de amigos gastando horas ou alguns minutos para esvaziar a cabeça cheia de novidades para absorver e a descobrir. Vestido com uma oficial camisa do Brasiliense - que é de Taguatinga, inclusive.
Foram dias corridos e frios esses dias passados. Aquela remoção finalmente saiu e de Belém vim parar aqui em Porto Alegre, junto com o inverno gaúcho. É um senhor inverno, de gelar sua cama, gelar suas roupas, corroer a pele de seu nariz de batata (nariz de coxinha, segundo ela). Você pragueja, se movimenta e se encolhe dentro do casaco, do edredon, de um abraço e segue em frente, atravessa a Osvaldo Aranha e entra no Parque Farroupilha.
A essa altura da manhã, já não importa o nosso bafo.
Gosto dessa camisa laranja com listras verdes, o anúncio do Banco de Brasília e da Ok Automóveis e mais outros; uma camisa horrorosa e feia pra dedéu de um time lamentável, mas uma camisa que eu gosto porque representa um momento de mim, de mim e mais alguém que eu gosto. Ela me deu uma camisa do Brasiliense porque sabe que eu, nas horas vagas, escrevo sobre futebol. Não é somente um pedaço de pano mal decorado, é uma declaração de amor, carinho e compreensão.
E uma mulher que te faz essas coisas é foda, cara. Ela vai qualquer dia desses salvar sua vida e você só irá se dar conta anos depois, quando nas mãos de uma megera ou nem isso. Enquanto você não se dá conta de sua própria sorte, se agarra a sua camisa do Brasiliense e dorme mal e porcamente a noite anterior do primeiro dia no novo lugar onde vai trabalhar a partir de amanhã.
Vá entender.
quinta-feira, maio 18, 2006
São Paulo 40 graus, cidade-celulóide do asfalto e do caos. O alto-comando da marginália paulista resolveu se fazer conhecido em território nacional, como seu equivalente carioca já o é, mas com muito mais fama e cama. De uns dias pra cá "Marcola" deixou de ser apenas um apelido tré ridicule para se transformas em síndrome do pânico. Marcola, aparentemente, é a versão tucana (hahaha) do Beira-Mar, o inimigo nº 1 do Estado que amamos odiar.
Surpresa, muita gente não sabia que São Paulo, a novaiorque tropical, era uma cidade bem mais violenta que o Rio. Muito mais violenta. São Paulo e seus Capões, São Paulo do Carandiru, das brigas de torcidas. Bonner apresentou o Jornal Nacional de segunda passada nas ruas de Sampa, como se estivesse em Beirute ou Bagdá. Logo ele, morador do Rio (apesar de paulistano) e que já deve ter ouvido falar da chacina em Duque de Caxias, comandada por homens da lei. Não lembro dele de microfone em punho na Baixada, mas, reconheço, Caxias não tem o mesmo charme do outono de SP.
Apesar dos ônibus queimados, de presídios rebelados, bancos apedrejados e policiais mortos, o que apavora o cidadão comum que apenas trabalha (e trabalha cada vez mais) e "espera estar bem vivo quando o rodo passar", a coisa toda tem um jeito de cartas marcadas. Não pareceu muito tratar de guerra civil, não. Pareceu mesmo foi acerto de contas. Nossos corruptos são mais incisivos que os deles, diria o publicitário da Semp-Toshiba. Cada um negocia com aquilo que tem e, ao que pareceu, alguns de nossos presidiários possuem rabos valiosos presos a seus pés.
Agora teremos várias manifestações com maior ou menor grau de sapiência: gente querendo instalar o "olho por olho, dente por dente" no Brasil, gente reclamando que a Copa do Mundo vai varrer tudo pra debaixo do Hexa, tucanos acusando petistas, petistas futricando tucanos, pefelistas lavando as mãos eternamente sujas, cariocas sacaneando amigos paulistas. Faz parte da vida. Todos temos razão - e no final, ter razão é ter um ponto de vista bem angulado.
Aqui de Belém, me interessa mais saber onde o jogo vai passar, e que horas. O resto, de coração, pode esperar. Estou aqui escrevendo e vivendo para ser feliz. É para isso que ganho meu dinheiro, é pensando nisso que gasto o dinheiro que ganho. Não é muito, eu sei, mas também nem tudo está à venda.
Para o que realmente importa, eu já tenho o meu sorriso.
Na foto, o Godo sorrindo para o que realmente importa.
terça-feira, maio 09, 2006
quinta-feira, abril 27, 2006
domingo, abril 09, 2006
Gente, boa notícia a meus 3 leitores. Não morri, ou, como canta Dylan, não morri ainda. Apenas saí de férias e a cabeça ainda não pegou o ritmo anterior de volta, daí o aparente abandono do espaço aqui.
(Talvez a notícia não seja tão boa, dizem que escritores são valorizados quando morrem jovens - o que talvez não se aplique mais a um homem de 28 anos)
Portanto, confessa a minha falta de palavras pra alocar aqui, vou tratar de enchê-los de lingüiça, assim, na cara dura e nem digo num sentido metafórico-grosseirão-pornô. Vou elucubrar sem nenhum destino aparente, na esperança de algo interessante acontecer até o ponto final. O risco de quem quiser ler, fica por conta própria.
Dia desses bateu a dúvida de meus dias de escritor terem estourado o prazo de validade. "E se não consigo mais criar ficção?" Sentava, ligava o computador e nada do parágrafo seguinte chegar. Tensão. A pior coisa é parar uma história no meio e não conseguir seguir adiante. É uma autêntica broxada, sendo que neste caso, usar língua e dedo na tela não vai resolver nada. Ou eu acho que não.
Depois disso, vieram as férias e foi mais de um mês na esbórnia. Os amigos estavam com saudades de mim, eu estava com saudades de meus amigos. Juro que na bagagem do meu périplo Belém-Rio-SP-Rio-Ouro Preto-Belém havia, além duma autêntica pilha de livros, um caderno meio nas últimas com um dos meus contos por terminar - e este está por terminar mesmo, é só questão de colocar as palavras no papel, mais nada. Mas quem disse que eu peguei a caneta e escrevi?
Pode não parecer, porque quem sentar pra conversar e beber comigo vai continuar vendo o mesmo sujeito que escreve essas e outras linhas, conta piadas, inventa chistes e ri de qualquer bobagem. Mas o processo de não conseguir escrever, a página em branco, o capítulo incompleto, tudo isso me angustia no final da noite. E não é o primeiro bloqueio de escritor que ultrapassa a minha vida, eu, que nunca perguntei a um escritor de verdade se esse negócio de bloqueio não é só lenda.
O irônico é que as férias foram ótimas. Certamente há momentos dela que podem render bons cenários de fundo para eu construir histórias em cima e eu ficaria contente em registrar, mesmo subjetivamente, frases ou sentimentos vividos no último mês de março. Porém, na mesma medida que tenho ganas de ler (acho que estou lendo uns 5 livros, simultaneamente, um deles em inglês britânico) me falta vontade de escrever. Estou assim, faltando um pedaço.
Continuo (ou não) esse exercício pessoal de busca da minha literatura perdida noutro post, meus amores. Bateu a fome no autor agora. Deixa eu ir lá me fritar uns x-búrguis e deitar na rede pra curtir "Houve Uma Vez Dois Verões" no DVD.
Escritor decadente também é filho de Deus.