quinta-feira, janeiro 19, 2006

Sketches for my sweetheart, the drunk.


Fui ali na janela e estava de fato chovendo. Acendi um cigarro, outro dos meus Marlboros. Ando fumando e gostando de fumar, talvez porque sozinho numa cidade já não tão estranha mas não tão familiar. Um apartamento idem. Quando fumo, sempre tenho o insight de sentar aqui e escrever algo pra garantir minha imortalidade - ou levar alguém a querer me clicar tragando um Marlboro em p&b. É a vida. Se escrevo pouco, é porque sou preguiçoso mesmo.

Primeiro pensei em iniciar uma série de posts sobre as mulheres que marcaram a minha já não tão curta existência. Daria nomes? Simularia literatura? Ainda não resolvi, mas a idéia está registrada. O fato é que, por mais que eu adore escrever, não queria começar a escrever novas coisas antes de terminar os projetos em andamento - que são, deixa eu ver aqui nos meus documentos, são dois. Há mais um, que não está digitalizado, apenas no papel. O título seria, ou será, esse mesmo aí de cima que vem a ser roubado de um disco póstumo de Jeff Buckley. Jeff escreveu a grande música de amor dos anos 90, "Lover, You Should've Come Over" (Oh, but maybe I'm just too young to keep good love/From going wrong/Oh... lover you should've come over) e morreu novinho. Ficou chegado da Courtney Love, encheu a cara e resolveu mergulhar durante um passeio de barco. Antes, gravou a tal música e mais algumas sobras de estúdio que foram dar em um ou dois discos póstumos que nunca ouvi. Mas adoro o título - algo como "Notas para o meu querido, o bêbado".

Aí lembrei de duas coisas e concluí uma terceira, não exatamente nesta ordem. Sim, falo demais e sou péssimo pra ordenar o pensamento - e o engraçado é perceber que às vezes chego em lugares inimagináveis e aparentemente divertidos (o ouvinte ri, me beija, enche meu copo, etc.) sem saber exatamente onde vou. Lembrei que precisava lavar a louça da janta, para não correr o risco de me emputecer com formigas pela manhã que vem; esqueci a segunda coisa; concluí que o fato de ter baixado 4 músicas da Donna Summer nesta noite e gostado de todas era um sinal de que eu estou ficando velho. Meu pai ouviu muito Donna Summer quando eu era mais novo e essas músicas deveriam estar adormecidas naquela parte mais filial de mim, tipo um back up biológico sentimental. Eu resolvi baixar porque ouvi uma musiquinha não sei onde que me fez lembrar dessa coisa do meu pai ouvindo Donna Summer e fui procurar por ela no Soulseek e nenhuma das 4 era tal música. Foda, uma das músicas que mais gosto e não sei o nome dela. Meu pai ouviu muito também o Tábua de Esmeraldas, do Jorge Ben, lembro dele gravando (outros tempos, discos de vinil, fitas cassete) Errare Humanum Est e ele tinha uma certa fixação pelo final da música, Jorge e sua banda mandando ver, Guga Stroeter castigando na bateria e o negão mais sublime deste país começa a contagem regressiva: Déez, nóove, ôoito, séete, sêeis, virada de bateria, cíinco, quáatro, trêes, outra viradaça de bateria, dôois, úum, bateria até o fade out, zéero. Percebe-se que gosto muito da música como ele. Herança? Pareço mais com meu pai do que um, talvez exceto ele e minha mãe e alguns parentes mais próximos - o que já dá uma boa cabeçada para eu me meter a classificá-los como exceções, do que qualquer um pode imaginar. Aliás, nunca vou escrever exceções sem ter a dúvida de que deveria escrever excessões. Já me resignei.

O fato é que talvez tudo isso - do Marlboro na janela chuvosa ao Jeff Buckley, tadinho, morto e sendo pirateado no meu computador enquanto registro essa madrugada - teve origem de tarde, no meu trabalho onde mantenho o MSN online para matar tempo e saudades. Graças a esse artefato, mantenho contato quase diário com amigos no Rio, em São Paulo, em Belo Horizonte, em Curitiba, em Porto Alegre, onde eles estiverem. Uma dessas pessoas, Didi, me mandou uma foto via e-mail. Temos uma certa história, que posso dizer muito bonita, até porque sou coadjuvante dela e não converso com ela como conversaria com você, por exemplo. A foto mostrava Didi com uma taça de espumante (ou talvez aquele crime etílico denominado cidra), com o sorriso mais lindo do mundo, com o celular conversando comigo, porque nos falamos quando o 2006 chegou aqui em Belém já meio bêbado da festa começada antes no sul do país, onde há o horário de verão. E, ao salvar a foto nova aqui no meu computador, acabei revendo as outras - tenho fotos ótimas de momentos em que não pude estar perto dela arquivadas. Só nos encontramos pessoalmente em três ocasiões, duas na cidade dela, BH, outra no Rio. Mas parece que a conheço desde sempre. Só parece, tenho certeza.

Acho que é isso. Não é só isso, com certeza há mais coisas não-escritas, mas vocês precisam também inventar suas próprias canções. Ainda não sei se irei usar este espaço ou o Dogmas para minhas Sketches. Não não cansei do Dogmas, pelo contrário, gosto cada vez mais de lá. Mas lá somos dois, há já uma certa tendência de eu usar ficcionalmente aquele espaço e gosto que seja assim. Aqui eu não sei como vai ser, mas será algo meu - não mais pessoal, porque minha literatura e outrossins publicados no Dogmas são pessoais - e apenas mais meu, sei lá o que quero dizer com isso, talvez você tenha entendido. Mas certamente Didi será a primeira de minhas mulheres sentimentalmente biografadas. Ainda que, vejam bem, Didi nunca tenha sido minha mulher nesse sentido que você lê.

O que farei agora? A janela está aberta, a louça lavada. Vou deixar mais um pouco de minha saúde se consumir pela madrugada e depois durmo. Qualquer outra hora volto aqui.

3 comentários:

Fonseca disse...

Vai ser Leandro Godinho da mesma forma; em ficção ou realidade. Traz o dry martini aí.

Não, nem eu entendi, ainda estou meio bêbado da noitada.

Anônimo disse...

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