segunda-feira, abril 30, 2007

I'm only sleeping

O mundo lá fora, eu posso ouvir, dorme. Falta alguma coisa em mim para eu simplesmente dormir em paz, então prefiro tentar buscar, ainda que dentro de mim, algo pra dormir.

Talvez simplesmente me falte algo de fora, do mundo, da rua que silencia, do vento frio.

O que me falta pode ser um beijo, uma palavra, um pedaço de pão. Pode ser um sim e quiçá um não. Pode ser juízo ou perdão. Talvez falte poesia e sobre muita prosa, não sei dizer agora se faltam palavras mas garanto que o dinheiro sempre acaba faltando e aí é que o sono falta também.

O que eu não quero é que falte estrelas nesse céu nem beijos pra esses lábios. Muitos beijos, tantos beijos quanto estrelas e formigas e horas e amigos. Amigos sorrindo, amigos bebendo, amigos correndo e até dormindo.

Eu não sei o que me falta para deitar e dormir. Talvez falte a manhã.

Talvez dê pra achar num sonho. E se eu achar num sonho o que me falta pra dormir? Seria sonho ainda, ou achado? Seria mistério?

Mas se eu simplesmente deitar e dormir e nem sonhar? Haverá estrelas e beijos e formigas e amigos depois?

Vou lá descobrir. Depois eu conto. Quem sabe.

quinta-feira, abril 26, 2007

Momento merchan

Se cuida, No Mínimo. É tudo nosso.

quarta-feira, abril 25, 2007

Luto

Que história é essa de velar o grande Boris, o mais influente bêbado da história contemporânea, numa porra de catedral ortodoxa?

Yeltsin merecia, no mínimo, a destilaria da Stolichnaya. "Honras de chefe de Estado" seria velar seu corpo (devidamente embebido em éter) na mesa favorita de seu boteco de coração, entre seus pares, os bêbados.

Oras, não vi ninguém trocando os pés nos funerais. Deveria ser pré-requisito protocolar estar enxergando dobrado naquele velório. Imaginem a viúva e as filhas dançando uma psy-polca sobre o caixão. Imaginem os carregadores do caixão tropeçando. Imaginem os atiradores errando a contagem dos 21 tiros. Com balas de verdade. Imagine alguém mijando no fosso ao final.

Deixo aqui registrado meu luto pela segunda morte de Yeltsin.

segunda-feira, abril 23, 2007

Boris 4ever!

Botequins em todo mundo com bandeiras russas a meio-pau!



Vai em paz, Boris. E cuidado com os degraus!

domingo, abril 22, 2007

Scheila casou



Mas não vou falar nada melhor que a própria noiva, gente. Nem vou tentar.

sábado, abril 21, 2007

"Mozão, sai da frente da tv, porra"

- Lindo, o q aconteceria se eu perdesse uma perna num acidente?
- Bem, ficava mais levinha, né?

Há outras pérolas do amor feito essa aí no santo orkut, o herói das noites de sábado em que sua ressaca está tão braba que sair de casa passa a ser uma opção de risco.

quinta-feira, abril 19, 2007

Hope I die before I get old!



Créditos pra nossa querida (e gata) Liv!

terça-feira, abril 17, 2007

O armário e a porta









Vai sair agora, Durval?

segunda-feira, abril 16, 2007

A menina dança

Enquanto a cerveja morna apaga minhas cinzas, a menina dança. Sem compromisso com o mundo, com qualquer mundo que não seja aquele seu, com o som e o colorido e seus pés e sua cintura e um coração que pulsa e não tem muita vontade de parar.

A menina dança em torno de mim e sobre todas as coisas, sobre as luzes estroboscópicas e o gelo seco, sobre falsas louras, sobre o tempo que não volta mais e nunca deixa de se ir. A menina só precisa dançar, diz a música, meus olhos tentam não acreditar que algo possa ser tão simples quanto a dança da menina, que era pura verdade em suingue diante de meu nariz.

Vejo a menina rebolar, os balagandãs em chocalho, os olhos em reviro, tambores em abcesso. Quem sou eu pra não dançar com ela? Quem sou eu pra não fechar os olhos e deixar meu corpo se libertar de mim? Quem sou eu pelas ruas já manhãs querendo meus derradeiros passos? Eu não ofereço resistência, quem resiste é o mundo, é a noite que sempre amanhece, é a música que sempre acaba, é a chama que se perde no horizonte.

Eu sou esse olhar na noite vazia. E nela, a menina dança.

quinta-feira, abril 12, 2007

I said no, no, no.

Amy Winehouse escreveu o melhor verso do ano. Numa das já grandes músicas de 2007, uma autêntica ode à bebedeira pra manter suas mágoas afogadas e seu sorriso torto de pé. Palmas pra ela.

"Didn’t get a lot in class, but I know it don’t come in a shot glass"



Got it, baby?

domingo, abril 08, 2007

Retrato do artista quando vivo

Só pra fazer um agrado a um grande amigo meu, posto aqui algo que publiquei no Dogmas há mais de 3 anos.

"Se estiver faltando emoção ou sexo (ou os dois, vá saber) no seu cotidiano, agradeçam a Deus e à Sony Music por um disco chamado Grace, de um rapazola chamado Jeff Buckley. Lá pelos idos de 93/94, o jovem deixou registrada a sua música para a imortalidade, e é uma bela música.

Pérolas como Lilac Wine, Dream Brother, Corpus Christi Carol e Eternal Life somadas a uma versão linda de arrancar lágimas de um bloco de cimento de Hallellujah (de Leonard Cohen, a musiquinha que toca antes do casamento do Shrek) e ao prelúdio nupcial Lover, You Shoud’ve Come Over (nota atualizada do autor: essa é a melhor música pra trepar já escrita pelo homem, e estou incluindo aqui o Marvin Gaye) fazem desse disquinho de rock uma excelente trilha sonora para o ato de fazer neném. Ou simplesmente curtir aquela fossa porque o(a) seu(sua) ex te deu o fora e a programação da TV não se importa muito com você.

Buckley gravou apenas esse disco, o que o torna além de belo, triste. Jovem e talentoso, ele foi adotado como sensação musical e queridinho do métier após o lançamento de Grace. Mal comparando, isso que a gente vê com os Hermanos hoje aqui desde Bloco do Eu Sozinho. A merda é que Buckley não soube ou não quis segurar a onda, tomou todas, se engraçou com a Courtney Love e um belo dia resolveu mergulhar no meio de um rio após se intoxicar como um bravo num passeio de barco noturno. Juntou-se a Mick Jones e outros que partiram deste mundo mergulhando em sua própria tragédia."

sábado, abril 07, 2007

Saturday Night Fever

Noites de sábado são as mais solitárias que existem. Não me olhe com pena, assim eu vou usar meu humor ácido pra me defender da sua concessão e talvez você deixe de me ver com os olhos atuais. Vem de longe minha relação mal-resolvida com as noites de sábado, talvez porque venha igualmente de longe minha absoluta falta de talento para sustentar relacionamentos amorosos, seja quem for a mulher da vez. As tardes de sábado já são ruins, porque vésperas, mas as noites costumam ser cruéis, implacáveis, silenciosas.

Quando sozinho, você não tem como correr de si mesmo. De seus vícios, da barriga que sabe que precisa perder, das palavras que sabe que irá precisar dizer, do mundo que sabe que não está dando bola pro fato de que você quer estar noutro lugar. Não haverá outro lugar a não ser que você dê o passo inicial, você sabe, todos sabem.

A minha vantagem, e é uma grande vantagem, é estar sozinho numa cidade estrangeira. Se eu estiver sozinho, então não haverá ninguém mesmo, nem dentro daqui de casa. Eu deixo as maravilhosas Soul Sessions de Joss Stone no repeat do toca CDs do quarto aqui atrás e venho pra sala digitar minha solidão sem culpas, não há ninguém que minha solidão mantenha acordado além de mim. Luzes apagadas porque o monitor basta e meus dedos já estão razoavelmente familirizados com a disposição do alfabeto em teclados.

Sem a música, as bebidas, as garotas passageiras, os amigos, as ruas, sobra um homem de shorts e o isqueiro que ele esqueceu na janela após o último da noite e veio a lembrança de outras noites com aquelas músicas, quando as noites não eram tão solitárias e definitivamente bem mais aeróbicas. Ela gostava de Bukowski e da Mafalda e de pão com ovo. Subitamente, eu sinto vontade de parar tudo aqui e me fritar um ovo pra pôr dentro de um pão, o que farei em algumas horas, quando voltar à sala pra acompanhar a fórmula-1 na Ásia em seus horários à prova de audiência.

Entre duas noites de sábado encontrei e perdi um possível grande amor. Não faz muito tempo e não está sendo fácil voltar a estar sozinho desse jeito, com a consciência de que há alguém no mundo que poderia estar agora ralhando que não estou na cama ou simplesmente no meu colo pra me fazer companhia enquanto resmungo. Eu sou um idiota completo diante de qualquer mulher bonita, vocês devem ter percebido, sempre acho que vale a pena me apaixonar por elas e que elas verão algo em mim (mesmo antes do meu sem modéstia alguma elogiado cunnilingus) e que as demais noites de sábado serão de alegria, confissões, planos e, como não, muita sacanagem. É da minha natureza.

Talvez a solidão das noites de sábado também seja parte integrante de mim. Eu sou incurável.