Quanto tempo vai durar...(tudo)?
De volta. De novo. Mais um blog. Acho que pelas mesmas razões. O blog de razões diferentes é o Freigeist, para resmungar sobre assuntos de trabalho. Anda meio paradão também.
Uma das funções de um blog é servir para ouvidos para sempre surdos. Vou postar aqui o que eu não posso postar para uma pessoa que não curte muito poesia, mas para quem os versos cairiam como uma luva, como caem para mim.
Passagem das Horas
Não sei sentir, não sei ser humano, não sei conviver de dentro da alma triste, com os homens, meus irmãos na terra. Não sei ser útil, mesmo sentindo ser prático, cotidiano, nítido. Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo. Mas tudo ou sobrou ou foi pouco, não sei qual, e eu sofri. Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos. E fiquei triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse. Amei e odiei como toda gente. Mas para toda gente isso foi normal e institivo. Para mim sempre foi a exceção, o choque, a válvula, o espasmo. Não sei se a vida é pouca ou demais para mim. Não sei se sinto demais ou de menos. Seja como for a vida, de tão interessante que é em todos os momentos, a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger, a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão, de sair para fora de todas as casas, de todas as lógicas, de todas as sacadas e ir ser selvagens entre árvores e esquecimentos. (Álvaro de Campos)
Citado por Maria Bethânia no "Imitação da Vida", show de 1997 que marcou a minha e que tem pautado os últimos dias.
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário