quinta-feira, abril 27, 2006

Instant Gravitation

A cada cigarro que deixo por aí, há uma culpa e uma saudade. Parece poesia, mas é uma merda.

Quero contornar as esquinas todas do mundo e não voltar. Ela me disse, na minha cara, enquanto eu enchia nossos copos que eu precisava crescer e amadurecer. Não que eu não soubesse disso, eu só não sei o que fazer ou não quero, acho que me acostumei a ser eu mesmo e resolvi deixar levar.

Desde então os dias nublaram todos. Estou sem paciência para ser eu mesmo, estou de saco cheio de acordar todo dia. Viro fantoche da minha própria fantasia e saio para cumprimentar todos nas filas, nas padarias, nas calçadas. A resposta está dentro de mim, é óbvio e cristalino, seja qual for minha dúvida, a resposta existe em algum canto perdido deste corpo condenado a uma vida qualquer, feito qualquer outro corpo.

Quero dizer, talvez ela apenas tenha me dito que eu sou muito pouco. Que eu posso ser mais e melhor. Talvez eu devesse ter alguma ambição. Não acredito em ambição nem em longos prazos. Quando muito, vislumbro o que devo fazer para daqui a duas horas. Acredito, sim, no sorriso e nas palavras dela.

A pior coisa na vida de um homem é uma mulher.

Mas é a melhor coisa também.

Deixa eu ir ali fumar um cigarro a caminho do trabalho e já volto.

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