sábado, abril 07, 2007

Saturday Night Fever

Noites de sábado são as mais solitárias que existem. Não me olhe com pena, assim eu vou usar meu humor ácido pra me defender da sua concessão e talvez você deixe de me ver com os olhos atuais. Vem de longe minha relação mal-resolvida com as noites de sábado, talvez porque venha igualmente de longe minha absoluta falta de talento para sustentar relacionamentos amorosos, seja quem for a mulher da vez. As tardes de sábado já são ruins, porque vésperas, mas as noites costumam ser cruéis, implacáveis, silenciosas.

Quando sozinho, você não tem como correr de si mesmo. De seus vícios, da barriga que sabe que precisa perder, das palavras que sabe que irá precisar dizer, do mundo que sabe que não está dando bola pro fato de que você quer estar noutro lugar. Não haverá outro lugar a não ser que você dê o passo inicial, você sabe, todos sabem.

A minha vantagem, e é uma grande vantagem, é estar sozinho numa cidade estrangeira. Se eu estiver sozinho, então não haverá ninguém mesmo, nem dentro daqui de casa. Eu deixo as maravilhosas Soul Sessions de Joss Stone no repeat do toca CDs do quarto aqui atrás e venho pra sala digitar minha solidão sem culpas, não há ninguém que minha solidão mantenha acordado além de mim. Luzes apagadas porque o monitor basta e meus dedos já estão razoavelmente familirizados com a disposição do alfabeto em teclados.

Sem a música, as bebidas, as garotas passageiras, os amigos, as ruas, sobra um homem de shorts e o isqueiro que ele esqueceu na janela após o último da noite e veio a lembrança de outras noites com aquelas músicas, quando as noites não eram tão solitárias e definitivamente bem mais aeróbicas. Ela gostava de Bukowski e da Mafalda e de pão com ovo. Subitamente, eu sinto vontade de parar tudo aqui e me fritar um ovo pra pôr dentro de um pão, o que farei em algumas horas, quando voltar à sala pra acompanhar a fórmula-1 na Ásia em seus horários à prova de audiência.

Entre duas noites de sábado encontrei e perdi um possível grande amor. Não faz muito tempo e não está sendo fácil voltar a estar sozinho desse jeito, com a consciência de que há alguém no mundo que poderia estar agora ralhando que não estou na cama ou simplesmente no meu colo pra me fazer companhia enquanto resmungo. Eu sou um idiota completo diante de qualquer mulher bonita, vocês devem ter percebido, sempre acho que vale a pena me apaixonar por elas e que elas verão algo em mim (mesmo antes do meu sem modéstia alguma elogiado cunnilingus) e que as demais noites de sábado serão de alegria, confissões, planos e, como não, muita sacanagem. É da minha natureza.

Talvez a solidão das noites de sábado também seja parte integrante de mim. Eu sou incurável.

2 comentários:

Fonseca disse...

"Eu sou um idiota completo diante de qualquer mulher bonita"... Isso é CARÊNCIA, amigão. Controla ela e serás feliz.

(Também sou carente pra caramba, fazer o quê.)

Andrea disse...

Eu sempre me sinto sozinha quando estou entre mais de três pessoas.

Prefiro a minha companhia.