terça-feira, agosto 05, 2008

Mohammed, um brasileiro

Mohammed dos Santos está preso e é notícia há cerca de uma semana em função de um desatino brutal: ele matou sua namorada, Cara Marie, britânica, de 17 anos, deixou o corpo da moça no box do banheiro de casa pra passar a noite na gandaia (uma performance da Mulher Melancia) e, ao voltar, esquartejou o corpo da menina para então jogar as partes num rio. A polícia ainda procura uma perna de Cara Marie.

Apurou-se que Mohammed teria apelado para a brutalidade medonha diante da ameaça de Cara Marie delatar aos pais de Mohammed, que residem na Inglaterra, seu vício em cocaína. Marie, conta-se, apanhava de Mohammed. Mohammed filmava as surras via celular, como registrou em imagens o corpo esquartejado da namorada.

Parece tudo fruto de uma mente perversa e predestinada para o mal que um belo dia resolveu colocar seus demônios internos em ação. Certo? Um desses apresentadores de programas televisivos com recheio de cotidianos violentos já deve ter dito que Mohammed é um vagabundo e drogado, que deveria entrar no pau e coisa pior. Mohammed certamente não é flor que se cheire, mas seu próprio advogado cantou uma boa pedra em entrevista para o G1.

Desde pequeno, segundo o advogado, Santos atirava pedras em viaturas. “Era um sinal de revolta pela perda do pai policial. Depois disso, ele teve alguns problemas com furto e roubo e até com outra tentativa de homicídio, quando adolescente”, disse Trajano.

Mohammed, maior de idade, morava sozinho e não tinha emprego conhecido. Testemunhas disseram que ele era um popular traficante em seu meio. Ele tinha histórico (roubo, furto e tentativa de homicídio) para a prática criminal. Parece que o que faltou foi o Estado fazer a sua parte diante de um criminoso reincidente. Mohammed estava livre, quando deveria estar preso. O flagrante peripatético de sua tentativa de suborno a um policial via telefone enquanto confessava o crime mostra que o rapaz achava provável escapar da cana mais uma vez. Afinal, recordemos, ele saiu pra balada logo após matar a namorada.

Mohammed, me parece, é somente outro reflexo do nosso estado cínico das coisas.

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