segunda-feira, agosto 11, 2008

Houve Sangue

Este blog fez uma tremenda campanha de marketing sem fins lucrativos em prol da continuação de Batman Begins, o assombroso Batman: The Dark Knight. A cobra fumou. Se o primeiro filme já havia deixado os fãs confessos do Morcegão em êxtase - este escriba, por exemplo, adquiriu o DVD - este segundo filme do diretor Christopher Nolan entrou para os anais como o mais radical filme em torno de um personagem de gibi. A excelência técnica somada ao trabalho dos atores e, principalmente, ao roteiro fora-de-série de Nolan e David Goyer possibilitam à película figurar ao lado das grandes histórias de Batman, como Batman: Ano 1 ou A Piada Mortal.

O pulo do gato? Não, não foi o lunático Coringa de Heath Ledger (um espetáculo à parte dentro do filme) mas a grande sacada de Nolan e Goyer de uma das características das grandes histórias de Batman: Batman, apesar de herói do pedaço, não precisa, no contexto da narrativa, ser mais importante que os "civis" que os cercam. Podem reparar que o Bruce Wayne de Nolan é o playboy marrento que Frank Miller forjou para alter-ego do vingador noturno e obsessivo, Alfred Pennyworth não é peça decorativa de set e James Gordon carrega a angústia de ser um tira honesto dentro da engrenagem corrupta de Gothan. O Harvey Dent de Aaron Eckhart superou as expectativas e deu à trama dimensões legitimamente épicas.

A decisão de apostar no trabalho dos atores para o desenrolar da trama foi crucial para que este filme de Batman conquistasse o coração e mente de suas platéias. Sim, e claro, não vamos esquecer da melhor campanha de divulgação já feita em cima de um filme desde o fenômeno A Bruxa de Blair (lembram dele?).

Se por um lado o diabólico Coringa revelou-se para cinéfilos um senhor vilão, outro filme recente mostrou às pessoas o quanto o Lado Negro da Força pode ser a força motriz de um filme. Em Sangue Negro, a tela se povoa de vilões. O filme de P. T. Anderson, um épico à altura de coisas do naipe de O Poderoso Chefão, apresenta não apenas o perverso capitalista Daniel Plainview (um colosso de trabalho de Daniel "Bill, the Butcher" Day-Lewis), mas ainda o fundamental Eli Sunday (Paul Dano). É algo fora da minha compreensão o fato de filmes rarefeitíssimos de dignidade como Titanic e Crash terem faturado o Oscar de Melhor Filme - no caso de Titanic, também levou Melhor Diretor - e Sangue Negro não, ainda que apenas sua seqüência final coloque no chinelo toda a produção cinematográfica apresentada em 2007.

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