domingo, agosto 06, 2006

Love is fuck, man

Quando sua namorada diz que te ama e te dá de presente uma camisa do Brasiliense, é melhor você acreditar nela e usar a camisa, bróder. Não discuta, é amor e amor não foi feito pra discutir. Aqui estou eu, sem sono, sem teto, na casa de amigos gastando horas ou alguns minutos para esvaziar a cabeça cheia de novidades para absorver e a descobrir. Vestido com uma oficial camisa do Brasiliense - que é de Taguatinga, inclusive.

Foram dias corridos e frios esses dias passados. Aquela remoção finalmente saiu e de Belém vim parar aqui em Porto Alegre, junto com o inverno gaúcho. É um senhor inverno, de gelar sua cama, gelar suas roupas, corroer a pele de seu nariz de batata (nariz de coxinha, segundo ela). Você pragueja, se movimenta e se encolhe dentro do casaco, do edredon, de um abraço e segue em frente, atravessa a Osvaldo Aranha e entra no Parque Farroupilha.

A essa altura da manhã, já não importa o nosso bafo.

Gosto dessa camisa laranja com listras verdes, o anúncio do Banco de Brasília e da Ok Automóveis e mais outros; uma camisa horrorosa e feia pra dedéu de um time lamentável, mas uma camisa que eu gosto porque representa um momento de mim, de mim e mais alguém que eu gosto. Ela me deu uma camisa do Brasiliense porque sabe que eu, nas horas vagas, escrevo sobre futebol. Não é somente um pedaço de pano mal decorado, é uma declaração de amor, carinho e compreensão.

E uma mulher que te faz essas coisas é foda, cara. Ela vai qualquer dia desses salvar sua vida e você só irá se dar conta anos depois, quando nas mãos de uma megera ou nem isso. Enquanto você não se dá conta de sua própria sorte, se agarra a sua camisa do Brasiliense e dorme mal e porcamente a noite anterior do primeiro dia no novo lugar onde vai trabalhar a partir de amanhã.

Vá entender.

quinta-feira, maio 18, 2006

The times they are a-changin'

São Paulo 40 graus, cidade-celulóide do asfalto e do caos. O alto-comando da marginália paulista resolveu se fazer conhecido em território nacional, como seu equivalente carioca já o é, mas com muito mais fama e cama. De uns dias pra cá "Marcola" deixou de ser apenas um apelido tré ridicule para se transformas em síndrome do pânico. Marcola, aparentemente, é a versão tucana (hahaha) do Beira-Mar, o inimigo nº 1 do Estado que amamos odiar.

Surpresa, muita gente não sabia que São Paulo, a novaiorque tropical, era uma cidade bem mais violenta que o Rio. Muito mais violenta. São Paulo e seus Capões, São Paulo do Carandiru, das brigas de torcidas. Bonner apresentou o Jornal Nacional de segunda passada nas ruas de Sampa, como se estivesse em Beirute ou Bagdá. Logo ele, morador do Rio (apesar de paulistano) e que já deve ter ouvido falar da chacina em Duque de Caxias, comandada por homens da lei. Não lembro dele de microfone em punho na Baixada, mas, reconheço, Caxias não tem o mesmo charme do outono de SP.

Apesar dos ônibus queimados, de presídios rebelados, bancos apedrejados e policiais mortos, o que apavora o cidadão comum que apenas trabalha (e trabalha cada vez mais) e "espera estar bem vivo quando o rodo passar", a coisa toda tem um jeito de cartas marcadas. Não pareceu muito tratar de guerra civil, não. Pareceu mesmo foi acerto de contas. Nossos corruptos são mais incisivos que os deles, diria o publicitário da Semp-Toshiba. Cada um negocia com aquilo que tem e, ao que pareceu, alguns de nossos presidiários possuem rabos valiosos presos a seus pés.

Agora teremos várias manifestações com maior ou menor grau de sapiência: gente querendo instalar o "olho por olho, dente por dente" no Brasil, gente reclamando que a Copa do Mundo vai varrer tudo pra debaixo do Hexa, tucanos acusando petistas, petistas futricando tucanos, pefelistas lavando as mãos eternamente sujas, cariocas sacaneando amigos paulistas. Faz parte da vida. Todos temos razão - e no final, ter razão é ter um ponto de vista bem angulado.

Aqui de Belém, me interessa mais saber onde o jogo vai passar, e que horas. O resto, de coração, pode esperar. Estou aqui escrevendo e vivendo para ser feliz. É para isso que ganho meu dinheiro, é pensando nisso que gasto o dinheiro que ganho. Não é muito, eu sei, mas também nem tudo está à venda.

Para o que realmente importa, eu já tenho o meu sorriso.



Na foto, o Godo sorrindo para o que realmente importa.

terça-feira, maio 09, 2006


Laugh of the month.

quinta-feira, abril 27, 2006

Instant Gravitation

A cada cigarro que deixo por aí, há uma culpa e uma saudade. Parece poesia, mas é uma merda.

Quero contornar as esquinas todas do mundo e não voltar. Ela me disse, na minha cara, enquanto eu enchia nossos copos que eu precisava crescer e amadurecer. Não que eu não soubesse disso, eu só não sei o que fazer ou não quero, acho que me acostumei a ser eu mesmo e resolvi deixar levar.

Desde então os dias nublaram todos. Estou sem paciência para ser eu mesmo, estou de saco cheio de acordar todo dia. Viro fantoche da minha própria fantasia e saio para cumprimentar todos nas filas, nas padarias, nas calçadas. A resposta está dentro de mim, é óbvio e cristalino, seja qual for minha dúvida, a resposta existe em algum canto perdido deste corpo condenado a uma vida qualquer, feito qualquer outro corpo.

Quero dizer, talvez ela apenas tenha me dito que eu sou muito pouco. Que eu posso ser mais e melhor. Talvez eu devesse ter alguma ambição. Não acredito em ambição nem em longos prazos. Quando muito, vislumbro o que devo fazer para daqui a duas horas. Acredito, sim, no sorriso e nas palavras dela.

A pior coisa na vida de um homem é uma mulher.

Mas é a melhor coisa também.

Deixa eu ir ali fumar um cigarro a caminho do trabalho e já volto.

domingo, abril 09, 2006

Saudades, amor?

Gente, boa notícia a meus 3 leitores. Não morri, ou, como canta Dylan, não morri ainda. Apenas saí de férias e a cabeça ainda não pegou o ritmo anterior de volta, daí o aparente abandono do espaço aqui.


(Talvez a notícia não seja tão boa, dizem que escritores são valorizados quando morrem jovens - o que talvez não se aplique mais a um homem de 28 anos)


Portanto, confessa a minha falta de palavras pra alocar aqui, vou tratar de enchê-los de lingüiça, assim, na cara dura e nem digo num sentido metafórico-grosseirão-pornô. Vou elucubrar sem nenhum destino aparente, na esperança de algo interessante acontecer até o ponto final. O risco de quem quiser ler, fica por conta própria.


Dia desses bateu a dúvida de meus dias de escritor terem estourado o prazo de validade. "E se não consigo mais criar ficção?" Sentava, ligava o computador e nada do parágrafo seguinte chegar. Tensão. A pior coisa é parar uma história no meio e não conseguir seguir adiante. É uma autêntica broxada, sendo que neste caso, usar língua e dedo na tela não vai resolver nada. Ou eu acho que não.


Depois disso, vieram as férias e foi mais de um mês na esbórnia. Os amigos estavam com saudades de mim, eu estava com saudades de meus amigos. Juro que na bagagem do meu périplo Belém-Rio-SP-Rio-Ouro Preto-Belém havia, além duma autêntica pilha de livros, um caderno meio nas últimas com um dos meus contos por terminar - e este está por terminar mesmo, é só questão de colocar as palavras no papel, mais nada. Mas quem disse que eu peguei a caneta e escrevi?


Pode não parecer, porque quem sentar pra conversar e beber comigo vai continuar vendo o mesmo sujeito que escreve essas e outras linhas, conta piadas, inventa chistes e ri de qualquer bobagem. Mas o processo de não conseguir escrever, a página em branco, o capítulo incompleto, tudo isso me angustia no final da noite. E não é o primeiro bloqueio de escritor que ultrapassa a minha vida, eu, que nunca perguntei a um escritor de verdade se esse negócio de bloqueio não é só lenda.


O irônico é que as férias foram ótimas. Certamente há momentos dela que podem render bons cenários de fundo para eu construir histórias em cima e eu ficaria contente em registrar, mesmo subjetivamente, frases ou sentimentos vividos no último mês de março. Porém, na mesma medida que tenho ganas de ler (acho que estou lendo uns 5 livros, simultaneamente, um deles em inglês britânico) me falta vontade de escrever. Estou assim, faltando um pedaço.


Continuo (ou não) esse exercício pessoal de busca da minha literatura perdida noutro post, meus amores. Bateu a fome no autor agora. Deixa eu ir lá me fritar uns x-búrguis e deitar na rede pra curtir "Houve Uma Vez Dois Verões" no DVD.


Escritor decadente também é filho de Deus.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Oh, Lord, I'm coming!!

Você sabe o que é um orgasmo? Mesmo? Já teve algum?

Há mulheres que nem imaginam o que seja, e não estou falando de freiras - que devem gozar muito bem, aliás.

Ia dormir logo depois daquela série "politicamente incorreta" da GNT, Weeds, que fiquei vendo reprisar enquanto jantava neste domingo e já passava de meia-noite, não exatamente uma hora própria para janta. E começou um daqueles documentários ingleses cheio de ironias, ingleses bêbados, suecas ninfas e vovós taradas sobre o tal do ORGASMO, o maior desafio na vida de qualquer homem que se preze.

Quero dizer, documentários sobre sexo geralmente acabam desandando e parando nos freaks (mulheres que só conseguem gozar ao ser penetradas por elefantes besuntados de creme-de-leite e afins) ou então são mais chinfrins do que tentar bater umazinha e broxar. É difícil chegar num meio-termo e fazer algo realmente informativo, com um pingo de graça, pois afinal é sexo, algo muito legal quando feito por quem sabe.

Esse aí, salvo umas bobagens, ficava naquela zona do interessante, e resolvi ver. Os europeus são muito encucados com o sexo, transformam a coisa em algo muito maior do que ela realmente é. E o tema orgasmo carecia de uma opinião masculina de respeito - tipo um galã do cinema pornô, um jogador de futebol tipo o Romário, o Motumbo - e ficou muito centralizado em mulheres aproveitando a câmera e o microfone para dizer que seus vibradores eram mágicos, seus namorados (noivos, ex, atuais, amantes, clientes, etc.) eram uns fiascos e que bom mesmo era a masturbação. Seus dildos e seus dedos.

Havia um especialista em orgasmos (uau, que onda, hein?) mas você olhava para o sujeito de terno, um monte de livros atrás, um computador provavelmente desligado na mesa dele, aquela cara de pesquisador e pensava em muita coisa, mas não imaginava o sujeito fazer as mulheres subirem pelas paredes em ânsia e sofreguidão. Esse cara e mais um vovô que havia escrito um sexy best-seller ou algo do gênero sentado numa sex-shop, além de entrevistas com ingleses bêbados dentro de um pub ou saindo de um jogo de futebol formavam a oplinião masculina.

Os temas eram os mesmos de qulquer daquelas incontáveis reportagens que você já leu na Veja ou viu no Fantástico. O que é o clitóris? Para que serve? Onde fica? Orgasmos múltiplos? Orgasmos? Apesar das perguntas, as respostas compensavam, porque tinham sua graça. Especialmente as respostas dos não-especialistas. As especialistas fêmeas (uma coroa-vovó que se dizia a rainha da siririca ou algo do gênero, especialmente) entravam numas de dizer que o melhor orgasmo só podia ser alcançado na solidão.

Peraê. Vamos pensar só um pouquinho, um quase nada de raciocínio. Temos o pênis e a vagina de protagonistas, línguas, dedos, bundas, peitos e mais um tanto de coadjuvantes e a mulher vem me dizer que uma siririca é melhor que uma pusta trepada onde ambos gozam? Pergunto porque sei bem como é o lado de cá, o lado masculino. Uma punheta pode, quando muito, ser legal. Só. A fissura acontece mais quando nós, pobres adolescentes, apenas temos a nossas mãos e as coelhinhas da Playboy. Depois que a gente conhece a realpolitik, the hot stuff, o rala e rola, espancar o macaco se transforma em último recurso. Algo saudável, sem dúvida, mas que jamais substitui uma boa foda.

Daí a gente pode esticar a corda e chegar na ferida: o feminismo radical não passa de uma variação burra do machismo. Se o o machismo das cavernas é uma estupidez (e é), o feminismo radical que pensa que a mulher pode muito bem existir sem o homem é a estupidez suprema. Assim como homens e mulheres são seres absurdamente dissonantes, é por essa dissonância que um necessita do outro. É o velho papo-clichê-brega da cara-metade. Claro, agora que temos que ser politicamente corretos ou homossexuais mal-resolvidos irão querer nos processar, nem sempre as metades serão no modelo padrão, pode ser que um cara se sinta completo com outro ou uma moça prefira o abraço de uma semelhante mas, ainda que os amantes do arco-íris creiam piamente que todo mundo é gay, a maioria dos homens procura uma mulher que os complete e vice-versa.

A solução, meus amores, não pode ser fechar os olhos e meter a mão na massa. Acreditem na palavra de alguém que conhece de muito perto o paliativo manual. Para gozar bem, o melhor caminho é o sexo oposto ao seu. E esse sexo, sempre bom lembrar, começa na língua. Com duplo sentido, por favor.