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São cinco da manhã e eu queria estar dormindo. Em 96% dos casos em que são cinco da manhã e ainda estou acordado, pode apostar, estou fazendo algo que não deveria. Mas hoje, por coincidência, espero, meu aniversário, me vi na cama acordado com algo me mantendo acordado e não, não era nenhuma ninfeta insaciável ou algo digno de nota - apesar de estar sendo registrado aqui a essas horas. O corpo não relaxava. A panturrilha direita incomoda desde ontem e não faço a menor idéia do que seja, então, suponho que seja velhice mesmo. O sujeito que passa os anos que seguem sua formação acadêmica e os posteriores desafiando os limites de sua resistência biológica e espiritual diante de copos das mais variadas combinações etílicas, gente da mais variada índole e experiências das mais variadas morfologias deve aguardar o dia em que ele, o corpo, puto da vida, irá pedir a desforra.
Diante da impossibilidade de dormir as supostas horas que me dou o direito na sua totalidade, resolvi começar o dia um pouco antes. Escrevendo. Havia tempo que não me sentava aqui ou em qualquer outro lugar e escrevia sem maior compromisso que não esse que tento manter com as palavras, de deixá-las tomar parte neste mundo e num arroubo de arrogância do autor com ingenuidade de suas mãos, tentar fazer este mundo em que gravo minhas palavras um lugar menos ordinário. É o único compromisso que andei assumindo nesses anos de vida - hoje, vinte e nove - que pretendo manter por mais tempo. O resto eu apenas observo e cataliso, através dos dias e noites, das caminhadas solitárias por ruas que não sei o nome, dos anúncios e notícias que me chegam aos sentidos sem que eu peça por eles, das noites que o corpo grita e eu não entendo o que ele pede.
E o tempo, para as palavras, é mais que senhor. É a sua essência. As palavras e seus produtores e receptores só podem ser analisados sob o prisma do tempo que lhes resta. Há gente neste mundo que não possui tempo para ler, para interpretar, para sentir. Há gente com tempo de sobra até para escrever. O tempo é a marca original de nossa existência, é a única filosofia de vida que consigo aceitar. Nós somos aquilo o que o tempo faz de nós. Parece mesmo uma daquelas frases baratas que encontramos em diálogos de filmes americanos, mas os filmes americanos são tão bem feitos e não vejo nada errado em usá-los a meu favor. Talvez tenha sido o tempo que me fez levantar da cama e tentar com palavras acalmar o corpo, que digita sem entender direito e dói sem me explicar o motivo.
Há muita coisa acontecendo no mundo digno de algumas linhas. Ontem mesmo, Lula, que um dia foi acusado em rede nacional de televisão de possuir bens de consumo acima de posses e pedir a uma antiga namorada para abortar um filho que ele não queria ter com ela, resumindo, declarado ladrão e assassino, recebeu seu acusador do passado, Collor, elle mesmo, com sorrisos e fotos para as primeiras páginas em seu gabinete de trabalho. Parece que o congresso ou o senado ianques aprovaram a retirada das tropas democrático-pacificadoras do US Army das terras iraquianas onde, nos últimos 4 anos, lá estiveram levando paz, alegria e colorido aos nativos. O Flamengo voltou a ser um time aguerrido que entra em campo com jogadores de futebol, daqueles que dividem as bolas, correm até seu último fôlego e, eventualmente, até gols a favor se mostram capazes de escorar. Romário, gênio, pode fazer algo que antes só um cara chamado Édson se mostrou capaz - alcançar uma avassaladora marca de mil gols escorados. E contra seu time de coração, o mesmo Flamengo que voltou a ser um pouco Flamengo esses dias, deve ser muita honra e emoção para um sujeito que, tal qual James Brown, ama tanto a si quanto a seu ofício.
Tudo isso veio a mim, e agora a você, por meio de tempo e palavras. Palavras são o mais eficiente registro do nosso tempo e talvez com alguma subconsciência eu tenha abraçado essa idéia mais do que deveria. Talvez por isso tenha dormido mal o último par de dias. A véspera de uma marca do tempo e a ausência de palavras de minha parte. Porque o tempo, ao contrário do que muita gente quer nos fazer pensar com ameaças atômicas, climáticas e quetais, não tem essa de caminhar pra trás. Você, agora, é uma pessoa mais evoluída do que há minutos atrás. O tempo, as palavras e a Joss Stone não estão de bobeira nesse mundo.
sexta-feira, março 23, 2007
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
Gladiatores! Violentia!

A foto diz muito sobre o estado de coisas que vivemos. Ela é assustadora como o crime bárbaro cometido por dois dos três rapazes descamisados sendo exibidos como animais capturados pela sempre exemplar Polícia Militar do Estado do Rio. Sim, há um terceiro elemento na foto que segundo a reportagem do Estadão "a polícia garante que o rapaz não está envolvido no crime".
É o garoto do meio, "identificado como Tiago". Ele seria da quadrilha, mas não participou do funesto roubo do carro que resultou na morte de um menino de 6 anos que acabou preso pelo cinto de segurança do lado de fora do veículo, na pressa dos assaltantes que arrastaram o garoto por 7 km.
Mas retornemos para a foto. Sua publicação é óbvia, é um registro cru de como enxergamos a questão da violência. A começar pelos próprios policiais que não aparentam o menor resquício de pudor ante as câmeras de respeitar a integridade física dos trio, muito pelo contrário. Nota-se a excitação em todos, o gosto de mostrar a população sua eficiência em deter o crime (e, no entanto, o carro roubado com o corpo do menino não foi incomodado por nenhum deles durante seu trajeto).
A imagem aparece na capa do Estadão e com maior destaque no JT , que pertence ao Grupo Estado. Acusa os três do crime, ainda que a própria reportagem aponte dois como culpados. Cadê a responsabilidade de um editor com a verdade da notícia aí? Por que jogar um terceiro elemento que não tomou parte no crime aos olhos de leitores estarrecidos? Por que nenhuma censura à violência policial na legenda da foto?
Num exercício de reflexão, imagine você uma foto contendo o deputado mensaleiro João Paulo Cunha, ACM, que já teve de renunciar a um mandato no Senado para fugir de tê-lo cassado e a comunista Manuela D'Ávila, deputada federal eleita com o maior número de votos no país. Os três caminham lado a lado sob a legenda "Parlamentares mancham a democracia com acusações de corrupção e fraudes". Entendeu?
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
Brasilianas
Saiu em DVD e vídeo "Brasília 18%", volta do cineasta Nelson Pereira dos Santos à ficção após "A Terceira Margem do Rio", curta de 94. O título do filme é alusivo ao clima semi-desértico da capital federal, situada praticamente no coração do continente sul-americano em vegetação de cerrado, num imenso planalto, que faz com que a umidade relativa do ar na cidade baixe a percentagens quase inumanas (daí o 18%) e não sei se guarda alguma relação com seu filme mais badalado, o "Rio 40°", que faz alusão ao tórrido verão da antiga capital federal.
Apesar de usar a cidade como cenário nas tomadas abertas, não é um filme sobre a cidade levantada no meio do país por JK num tempo onde talvez ser nacionalista não era algo cínico. Brasília 18% é um filme sobre o poder, sobre o lado humano do poder e como o poder embrutece, corrompe e deforma o que poderia haver de bom em nós. Nessa toada, mas aí já estou no campo da elucubração, talvez Brasília tenha "dado errado" porque o país deu errado também, e deu errado antes.
Não seria absurdo pensar que a idéia de Brasília como coração do país fosse mais que uma metáfora para JK. As largas avenidas e as grandes distâncias marcam a capital idealizada pelo homem que trouxe a indústria automobilística para o Brasil. A arquitetura de Niemeyer executada nos anos 50 soa moderna hoje, um outro século. No entanto, as grandes decisões do país continuam saindo do eixo Rio-SP, o que caracteriza o fracasso da idéia de transferir para a Nova Capital o coração do país. O país continuou velho, digamos assim.
Nessa cidade de contradições, temos o filme de Nelson e personagens de várias matizes sociais na trama que, com elementos de noir, navega pelo cenário político da capital - onde as decisões políticas do país são efetivamente tomadas. O grande barato do filme é que as personagens, antes de serem mesquinhas ou omissas ou generosas, são demasiadamente humanas. Não há o tom preto no branco que poderia tornar o filme desnecessariamente panfletário, mas várias cores para esboçar um quadro muito mais rico. O andar de trama nos mostra que os descaminhos do poder são muito mais tortuosos do que imaginamos.
Brasília 18% acabou me fazendo lembrar de outro filme sobre os meandros do poder na capital federal, este de Lúcia Murat, feito dez anos antes: "Doces Poderes". O filme de Murat trata, com muita perspicácia, das relações perigosas entre as intimidades de políticos e aspirantes e empresários de comunicação e jornalistas. Como separar, então, o pessoal e o político? Mas, afinal, o pessoal não é político?
Em tempo, para aqueles que enxergam Brasília como a representação física da crocodilagem nacional, vale registrar que a antiga capital federal, o Rio, esteve sob jugo (a palavra é essa) do casal Garotinho nos últimos 8 anos e o atual governador eleito, Sérgio Cabral, saiu das fileiras do mesmo PMDB de Anthony e Rosinha. O que mais cresce na cidade? Segundo me contou uma jornalista candanga a quem quero muito bem durante uma visita minha à cidade, as favelas. E acredite em mim, já é um favelário imenso.
Talvez falte a Brasília um filme que a retrate como uma cidade feito outra qualquer do Brasil. E, claro, vergonha na cara de alguns de seus habitantes mais ilustres.
Saiu em DVD e vídeo "Brasília 18%", volta do cineasta Nelson Pereira dos Santos à ficção após "A Terceira Margem do Rio", curta de 94. O título do filme é alusivo ao clima semi-desértico da capital federal, situada praticamente no coração do continente sul-americano em vegetação de cerrado, num imenso planalto, que faz com que a umidade relativa do ar na cidade baixe a percentagens quase inumanas (daí o 18%) e não sei se guarda alguma relação com seu filme mais badalado, o "Rio 40°", que faz alusão ao tórrido verão da antiga capital federal.
Apesar de usar a cidade como cenário nas tomadas abertas, não é um filme sobre a cidade levantada no meio do país por JK num tempo onde talvez ser nacionalista não era algo cínico. Brasília 18% é um filme sobre o poder, sobre o lado humano do poder e como o poder embrutece, corrompe e deforma o que poderia haver de bom em nós. Nessa toada, mas aí já estou no campo da elucubração, talvez Brasília tenha "dado errado" porque o país deu errado também, e deu errado antes.
Não seria absurdo pensar que a idéia de Brasília como coração do país fosse mais que uma metáfora para JK. As largas avenidas e as grandes distâncias marcam a capital idealizada pelo homem que trouxe a indústria automobilística para o Brasil. A arquitetura de Niemeyer executada nos anos 50 soa moderna hoje, um outro século. No entanto, as grandes decisões do país continuam saindo do eixo Rio-SP, o que caracteriza o fracasso da idéia de transferir para a Nova Capital o coração do país. O país continuou velho, digamos assim.
Nessa cidade de contradições, temos o filme de Nelson e personagens de várias matizes sociais na trama que, com elementos de noir, navega pelo cenário político da capital - onde as decisões políticas do país são efetivamente tomadas. O grande barato do filme é que as personagens, antes de serem mesquinhas ou omissas ou generosas, são demasiadamente humanas. Não há o tom preto no branco que poderia tornar o filme desnecessariamente panfletário, mas várias cores para esboçar um quadro muito mais rico. O andar de trama nos mostra que os descaminhos do poder são muito mais tortuosos do que imaginamos.
Brasília 18% acabou me fazendo lembrar de outro filme sobre os meandros do poder na capital federal, este de Lúcia Murat, feito dez anos antes: "Doces Poderes". O filme de Murat trata, com muita perspicácia, das relações perigosas entre as intimidades de políticos e aspirantes e empresários de comunicação e jornalistas. Como separar, então, o pessoal e o político? Mas, afinal, o pessoal não é político?
Em tempo, para aqueles que enxergam Brasília como a representação física da crocodilagem nacional, vale registrar que a antiga capital federal, o Rio, esteve sob jugo (a palavra é essa) do casal Garotinho nos últimos 8 anos e o atual governador eleito, Sérgio Cabral, saiu das fileiras do mesmo PMDB de Anthony e Rosinha. O que mais cresce na cidade? Segundo me contou uma jornalista candanga a quem quero muito bem durante uma visita minha à cidade, as favelas. E acredite em mim, já é um favelário imenso.
Talvez falte a Brasília um filme que a retrate como uma cidade feito outra qualquer do Brasil. E, claro, vergonha na cara de alguns de seus habitantes mais ilustres.
quarta-feira, janeiro 31, 2007
Ruivas
Não sei dizer como e porque começou. O fato é que mulheres ruivas, pelo exato fato de serem ruivas, povoam minhas fantasias. O mesmo se dá com japas, normalistas e alunas do Colégio Militar, mas em menor escala do que as indefectíveis moças de cabelos avermelhados. A verdadeira ruiva sempre foi pra mim algo mais profundo que a verdadeira loira. Não tenho fetiche com loiras, aliás, sem preconceito algum.
Mas há as ruivas. Há a Juliane Moore. Decerto há outras mais, belas e impossíveis. A coisa comigo pode ter começado lá pelos meus anos ginasiais, com uma certa Neide, que era ruiva e lá por um certo estágio entre a 6ª e a 7ª série se mostrava muito receptiva às minhas bobagens - imagine o nível de papinho que eu oferecia cerca de 15 anos atrás. E lembro bem até hoje que aqueles longos e quase cacheados cabelos ruivos de Neide me instigavam.
O curioso é que só tenho na memória íntima a presença de Neide. Há pelo menos mais uma ruiva mas, caramba, elas são raras! E eu nunca tive uma ruiva, nunca tive o prazer de descobrir púbis rubros e tudo o mais. Quero dizer, uma vez uma namorada tingiu o cabelo de ruivo mas não era um vermelho tão acintoso assim e ela era uma morena de lascar. Quase não contava como ruiva.
Bem, pelo menos nesse departamento, de ruivas, estou bem-acompanhado.
Não sei dizer como e porque começou. O fato é que mulheres ruivas, pelo exato fato de serem ruivas, povoam minhas fantasias. O mesmo se dá com japas, normalistas e alunas do Colégio Militar, mas em menor escala do que as indefectíveis moças de cabelos avermelhados. A verdadeira ruiva sempre foi pra mim algo mais profundo que a verdadeira loira. Não tenho fetiche com loiras, aliás, sem preconceito algum.
Mas há as ruivas. Há a Juliane Moore. Decerto há outras mais, belas e impossíveis. A coisa comigo pode ter começado lá pelos meus anos ginasiais, com uma certa Neide, que era ruiva e lá por um certo estágio entre a 6ª e a 7ª série se mostrava muito receptiva às minhas bobagens - imagine o nível de papinho que eu oferecia cerca de 15 anos atrás. E lembro bem até hoje que aqueles longos e quase cacheados cabelos ruivos de Neide me instigavam.
O curioso é que só tenho na memória íntima a presença de Neide. Há pelo menos mais uma ruiva mas, caramba, elas são raras! E eu nunca tive uma ruiva, nunca tive o prazer de descobrir púbis rubros e tudo o mais. Quero dizer, uma vez uma namorada tingiu o cabelo de ruivo mas não era um vermelho tão acintoso assim e ela era uma morena de lascar. Quase não contava como ruiva.
Bem, pelo menos nesse departamento, de ruivas, estou bem-acompanhado.
sábado, janeiro 27, 2007

Robinson Bros, we care for you both.
No time left now for shame
Horizon behind me, no more pain
Windswept stars blink and smile
Another song, another mile
You read the line every time
Ask me about crime in my mind
Ask me why another read song
Funny but I bet you never left home
On a good day, its not every day
We can part the sea
And on a bad day, its not every day
Glory beyond our reach
Seconds until sunrise
Tired but wiser for the time
Lightning 30 miles away
Three thousand more in two days
quarta-feira, janeiro 17, 2007
Daniela, Daniela...
Não dá pra duvidar de que a moça Daniela é dona de beleza ímpar. Apesar de seu temperamento (aparentemente) brigão, há uma certa aura de moça simpática, menina leve, em sua personalidade. Mas parece que a bocona da moça não se restringe ao seu visual, Daniela simplesmente não consegue passar batida.
Em algum momento de 2006, ela resolveu aproveitar uma praia espanhola com seu namorado para uma rapidinha básica no mar. Até aí, nada demais, e atire a primeira pedra quem nunca fez sexo em carros, escadarias, banheiros públicos, esquinas obscuras. A grande questão é que, como sabemos, um desses fotógrafos de celebridades percebeu a cena e filmou tudo via celular. Pior (ou melhor), vendeu as imagens a alguma publicação das terras de Espanha e a internet se encarregou do resto.
O que era pra ter sido uma trepada em segredo virou a grande notícia de 2006. E, eis que o ano muda, enforcam Saddam e Cicarelli fazendo sexo na praia volta a ser notícia. Dessa vez, injuriada em ver as cenas circulando na web, resolve tentar impedir o acesso ao vídeo (já pirateado e reproduzido à exaustão) através do nosso simpático YouTube, tido e havido como a recém grande idéia da rede. A justiça deu ganho de causa pra liminar de Daniela e seu namorado e alguns provedores (Brasil Telecom e Embratel, acho) cumpriram, bloqueando o acesso ao site.
E aí deu-se a cagada.
Voltando ao início de tudo, a rapidinha no meio da praia, dava pra discussão se encerrar ali, tivéssemos bom-senso. Qual a graça de se fazer sexo em locais públicos? Qualquer um que já o tenha feito sabe que o risco de ser flagrado no ato é o grande auê, a coisa de ter a privacidade invadida mesmo, desafiar a boa conduta social. Não é que se queira aparecer, é justamente o contrário, mas pela via mais difícil. Daniela e o namorado arriscaram e foram pegos. Não fosse Daniela estrela de tv, comerciais, ex-mulher de Ronaldo, se bobear as pessoas nem iriam perceber. Mas ninguém consegue se livrar do fardo de sua existência, e a existência de Daniela, desde que resolveu ser imagem pública, carrega consigo o olho imenso do público ávido em consumí-la. Um pedido de desculpas com um sorriso amarelo era tudo o que caberia ao casal, se envergonhados de terem sido flagrados estavam.
Quem faz coisas em público não pode exigir privacidade. Deve ter gente por aí que não faz a menor questão de saber que caras e bocas faz Daniela quando goza, e no entanto, um belo dia vendo tevê se viu diante do ato real. Essa pessoa não processou o canal de tevê por desreipeitar suas exigências enquanto consumidora e telespectadora. No máximo, trocou de canal algumas vezes.
Porque, curioso, a justiça não impediu que jornais, revistas e televisões pudessem reproduzir as mesmas imagens que fecharam por alguns dias o YouTube no Brasil. Vá entender.
Não dá pra duvidar de que a moça Daniela é dona de beleza ímpar. Apesar de seu temperamento (aparentemente) brigão, há uma certa aura de moça simpática, menina leve, em sua personalidade. Mas parece que a bocona da moça não se restringe ao seu visual, Daniela simplesmente não consegue passar batida.
Em algum momento de 2006, ela resolveu aproveitar uma praia espanhola com seu namorado para uma rapidinha básica no mar. Até aí, nada demais, e atire a primeira pedra quem nunca fez sexo em carros, escadarias, banheiros públicos, esquinas obscuras. A grande questão é que, como sabemos, um desses fotógrafos de celebridades percebeu a cena e filmou tudo via celular. Pior (ou melhor), vendeu as imagens a alguma publicação das terras de Espanha e a internet se encarregou do resto.
O que era pra ter sido uma trepada em segredo virou a grande notícia de 2006. E, eis que o ano muda, enforcam Saddam e Cicarelli fazendo sexo na praia volta a ser notícia. Dessa vez, injuriada em ver as cenas circulando na web, resolve tentar impedir o acesso ao vídeo (já pirateado e reproduzido à exaustão) através do nosso simpático YouTube, tido e havido como a recém grande idéia da rede. A justiça deu ganho de causa pra liminar de Daniela e seu namorado e alguns provedores (Brasil Telecom e Embratel, acho) cumpriram, bloqueando o acesso ao site.
E aí deu-se a cagada.
Voltando ao início de tudo, a rapidinha no meio da praia, dava pra discussão se encerrar ali, tivéssemos bom-senso. Qual a graça de se fazer sexo em locais públicos? Qualquer um que já o tenha feito sabe que o risco de ser flagrado no ato é o grande auê, a coisa de ter a privacidade invadida mesmo, desafiar a boa conduta social. Não é que se queira aparecer, é justamente o contrário, mas pela via mais difícil. Daniela e o namorado arriscaram e foram pegos. Não fosse Daniela estrela de tv, comerciais, ex-mulher de Ronaldo, se bobear as pessoas nem iriam perceber. Mas ninguém consegue se livrar do fardo de sua existência, e a existência de Daniela, desde que resolveu ser imagem pública, carrega consigo o olho imenso do público ávido em consumí-la. Um pedido de desculpas com um sorriso amarelo era tudo o que caberia ao casal, se envergonhados de terem sido flagrados estavam.
Quem faz coisas em público não pode exigir privacidade. Deve ter gente por aí que não faz a menor questão de saber que caras e bocas faz Daniela quando goza, e no entanto, um belo dia vendo tevê se viu diante do ato real. Essa pessoa não processou o canal de tevê por desreipeitar suas exigências enquanto consumidora e telespectadora. No máximo, trocou de canal algumas vezes.
Porque, curioso, a justiça não impediu que jornais, revistas e televisões pudessem reproduzir as mesmas imagens que fecharam por alguns dias o YouTube no Brasil. Vá entender.
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