sexta-feira, setembro 08, 2006


"Posso até mudar o mundo, mas quero ganhar bem por isto."

domingo, agosto 06, 2006

Love is fuck, man

Quando sua namorada diz que te ama e te dá de presente uma camisa do Brasiliense, é melhor você acreditar nela e usar a camisa, bróder. Não discuta, é amor e amor não foi feito pra discutir. Aqui estou eu, sem sono, sem teto, na casa de amigos gastando horas ou alguns minutos para esvaziar a cabeça cheia de novidades para absorver e a descobrir. Vestido com uma oficial camisa do Brasiliense - que é de Taguatinga, inclusive.

Foram dias corridos e frios esses dias passados. Aquela remoção finalmente saiu e de Belém vim parar aqui em Porto Alegre, junto com o inverno gaúcho. É um senhor inverno, de gelar sua cama, gelar suas roupas, corroer a pele de seu nariz de batata (nariz de coxinha, segundo ela). Você pragueja, se movimenta e se encolhe dentro do casaco, do edredon, de um abraço e segue em frente, atravessa a Osvaldo Aranha e entra no Parque Farroupilha.

A essa altura da manhã, já não importa o nosso bafo.

Gosto dessa camisa laranja com listras verdes, o anúncio do Banco de Brasília e da Ok Automóveis e mais outros; uma camisa horrorosa e feia pra dedéu de um time lamentável, mas uma camisa que eu gosto porque representa um momento de mim, de mim e mais alguém que eu gosto. Ela me deu uma camisa do Brasiliense porque sabe que eu, nas horas vagas, escrevo sobre futebol. Não é somente um pedaço de pano mal decorado, é uma declaração de amor, carinho e compreensão.

E uma mulher que te faz essas coisas é foda, cara. Ela vai qualquer dia desses salvar sua vida e você só irá se dar conta anos depois, quando nas mãos de uma megera ou nem isso. Enquanto você não se dá conta de sua própria sorte, se agarra a sua camisa do Brasiliense e dorme mal e porcamente a noite anterior do primeiro dia no novo lugar onde vai trabalhar a partir de amanhã.

Vá entender.

quinta-feira, maio 18, 2006

The times they are a-changin'

São Paulo 40 graus, cidade-celulóide do asfalto e do caos. O alto-comando da marginália paulista resolveu se fazer conhecido em território nacional, como seu equivalente carioca já o é, mas com muito mais fama e cama. De uns dias pra cá "Marcola" deixou de ser apenas um apelido tré ridicule para se transformas em síndrome do pânico. Marcola, aparentemente, é a versão tucana (hahaha) do Beira-Mar, o inimigo nº 1 do Estado que amamos odiar.

Surpresa, muita gente não sabia que São Paulo, a novaiorque tropical, era uma cidade bem mais violenta que o Rio. Muito mais violenta. São Paulo e seus Capões, São Paulo do Carandiru, das brigas de torcidas. Bonner apresentou o Jornal Nacional de segunda passada nas ruas de Sampa, como se estivesse em Beirute ou Bagdá. Logo ele, morador do Rio (apesar de paulistano) e que já deve ter ouvido falar da chacina em Duque de Caxias, comandada por homens da lei. Não lembro dele de microfone em punho na Baixada, mas, reconheço, Caxias não tem o mesmo charme do outono de SP.

Apesar dos ônibus queimados, de presídios rebelados, bancos apedrejados e policiais mortos, o que apavora o cidadão comum que apenas trabalha (e trabalha cada vez mais) e "espera estar bem vivo quando o rodo passar", a coisa toda tem um jeito de cartas marcadas. Não pareceu muito tratar de guerra civil, não. Pareceu mesmo foi acerto de contas. Nossos corruptos são mais incisivos que os deles, diria o publicitário da Semp-Toshiba. Cada um negocia com aquilo que tem e, ao que pareceu, alguns de nossos presidiários possuem rabos valiosos presos a seus pés.

Agora teremos várias manifestações com maior ou menor grau de sapiência: gente querendo instalar o "olho por olho, dente por dente" no Brasil, gente reclamando que a Copa do Mundo vai varrer tudo pra debaixo do Hexa, tucanos acusando petistas, petistas futricando tucanos, pefelistas lavando as mãos eternamente sujas, cariocas sacaneando amigos paulistas. Faz parte da vida. Todos temos razão - e no final, ter razão é ter um ponto de vista bem angulado.

Aqui de Belém, me interessa mais saber onde o jogo vai passar, e que horas. O resto, de coração, pode esperar. Estou aqui escrevendo e vivendo para ser feliz. É para isso que ganho meu dinheiro, é pensando nisso que gasto o dinheiro que ganho. Não é muito, eu sei, mas também nem tudo está à venda.

Para o que realmente importa, eu já tenho o meu sorriso.



Na foto, o Godo sorrindo para o que realmente importa.

terça-feira, maio 09, 2006


Laugh of the month.

quinta-feira, abril 27, 2006

Instant Gravitation

A cada cigarro que deixo por aí, há uma culpa e uma saudade. Parece poesia, mas é uma merda.

Quero contornar as esquinas todas do mundo e não voltar. Ela me disse, na minha cara, enquanto eu enchia nossos copos que eu precisava crescer e amadurecer. Não que eu não soubesse disso, eu só não sei o que fazer ou não quero, acho que me acostumei a ser eu mesmo e resolvi deixar levar.

Desde então os dias nublaram todos. Estou sem paciência para ser eu mesmo, estou de saco cheio de acordar todo dia. Viro fantoche da minha própria fantasia e saio para cumprimentar todos nas filas, nas padarias, nas calçadas. A resposta está dentro de mim, é óbvio e cristalino, seja qual for minha dúvida, a resposta existe em algum canto perdido deste corpo condenado a uma vida qualquer, feito qualquer outro corpo.

Quero dizer, talvez ela apenas tenha me dito que eu sou muito pouco. Que eu posso ser mais e melhor. Talvez eu devesse ter alguma ambição. Não acredito em ambição nem em longos prazos. Quando muito, vislumbro o que devo fazer para daqui a duas horas. Acredito, sim, no sorriso e nas palavras dela.

A pior coisa na vida de um homem é uma mulher.

Mas é a melhor coisa também.

Deixa eu ir ali fumar um cigarro a caminho do trabalho e já volto.

domingo, abril 09, 2006

Saudades, amor?

Gente, boa notícia a meus 3 leitores. Não morri, ou, como canta Dylan, não morri ainda. Apenas saí de férias e a cabeça ainda não pegou o ritmo anterior de volta, daí o aparente abandono do espaço aqui.


(Talvez a notícia não seja tão boa, dizem que escritores são valorizados quando morrem jovens - o que talvez não se aplique mais a um homem de 28 anos)


Portanto, confessa a minha falta de palavras pra alocar aqui, vou tratar de enchê-los de lingüiça, assim, na cara dura e nem digo num sentido metafórico-grosseirão-pornô. Vou elucubrar sem nenhum destino aparente, na esperança de algo interessante acontecer até o ponto final. O risco de quem quiser ler, fica por conta própria.


Dia desses bateu a dúvida de meus dias de escritor terem estourado o prazo de validade. "E se não consigo mais criar ficção?" Sentava, ligava o computador e nada do parágrafo seguinte chegar. Tensão. A pior coisa é parar uma história no meio e não conseguir seguir adiante. É uma autêntica broxada, sendo que neste caso, usar língua e dedo na tela não vai resolver nada. Ou eu acho que não.


Depois disso, vieram as férias e foi mais de um mês na esbórnia. Os amigos estavam com saudades de mim, eu estava com saudades de meus amigos. Juro que na bagagem do meu périplo Belém-Rio-SP-Rio-Ouro Preto-Belém havia, além duma autêntica pilha de livros, um caderno meio nas últimas com um dos meus contos por terminar - e este está por terminar mesmo, é só questão de colocar as palavras no papel, mais nada. Mas quem disse que eu peguei a caneta e escrevi?


Pode não parecer, porque quem sentar pra conversar e beber comigo vai continuar vendo o mesmo sujeito que escreve essas e outras linhas, conta piadas, inventa chistes e ri de qualquer bobagem. Mas o processo de não conseguir escrever, a página em branco, o capítulo incompleto, tudo isso me angustia no final da noite. E não é o primeiro bloqueio de escritor que ultrapassa a minha vida, eu, que nunca perguntei a um escritor de verdade se esse negócio de bloqueio não é só lenda.


O irônico é que as férias foram ótimas. Certamente há momentos dela que podem render bons cenários de fundo para eu construir histórias em cima e eu ficaria contente em registrar, mesmo subjetivamente, frases ou sentimentos vividos no último mês de março. Porém, na mesma medida que tenho ganas de ler (acho que estou lendo uns 5 livros, simultaneamente, um deles em inglês britânico) me falta vontade de escrever. Estou assim, faltando um pedaço.


Continuo (ou não) esse exercício pessoal de busca da minha literatura perdida noutro post, meus amores. Bateu a fome no autor agora. Deixa eu ir lá me fritar uns x-búrguis e deitar na rede pra curtir "Houve Uma Vez Dois Verões" no DVD.


Escritor decadente também é filho de Deus.